Blog do Grupo de Oração Sangue de Cristo

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domingo, 13 de outubro de 2013

ALÉM DE UM SIMPLES OBRIGADO




                Dez leprosos se aproximam de Jesus. Jesus não se afasta, mesmo sabendo que poderia se contaminar com a doença e ficar impuro para os judeus, de acordo com a lei de Moisés. Mas no Reino de Deus, que Jesus veio instaurar, não há pessoas impuras por causa de doenças ou prescrições legalistas. A impureza brota de dentro do ser humano, de um coração mau. Por isso, a necessidade da conversão do coração.
                Mas em vez da cura, Jesus lhes dá uma ordem: “Ide apresentar-vos aos sacerdotes” Ordem ou desafio? Para um leproso se apresentar a um sacerdote ele precisaria já estar curado. Implicitamente, então, Jesus desafia a fé daqueles homens sofridos. O Mestre de Nazaré crê na capacidade de superação de cada pessoa mesmo em situações limite.
                E eles partiram, e eles ficaram curados, e eles prosseguiram para serem reabilitados na religião judaica. E um deles voltou. Voltar, nos Evangelhos, carrega uma significação forte – de mudança de rota, de retorno a Deus, de conversão. Voltou também porque era samaritano, um excluído do judaísmo, da religião oficial. Sua impureza era dupla. Mesmo sem lepra continuaria à margem. Mas agora percebeu que havia algo novo.
                A cura de Jesus não julga o destinatário. Ela é extensiva a todos, pois é fruto de total gratuidade. A generosidade radical de Jesus constrangeu aquele ex-leproso e ele voltou. Não para um aperto de mão, como que para cumprir uma obrigação social, um ato moral ou uma convenção cultural. Não foi para dizer “obrigado”.
                Curiosamente, na língua portuguesa, usamos a palavra “obrigado” para verbalizar nosso sentimento de gratidão. Porém, na etimologia da palavra está inserido o sentimento de obrigação, como que se eu devesse uma retribuição àquele que me fez um favor. O uso em nossa cultura também expressa esse sentido, pois é nossa obrigação dizer “obrigado” quando alguém nos faz um favor, até os mais simples, como abrir a porta do elevador. Tornou-se uma regra de convivência social básica.     
                O samaritano voltou glorificando a Deus, exultando de alegria, e se atirou aos pés de Jesus, com o rosto por terra para agradecer. Um ato de pura gratuidade. Ele realizou o mesmo ato da prostituta perdoada. Percebeu que foi amado, compreendeu o mistério da gratuidade de Deus e lançou todo o ser em retribuição. “Amor com amor se paga”, diz o provérbio popular.
                Jesus lança, mais uma vez, questionamentos para nossa reflexão: “Não foram dez os curados? E os outros nove, onde estão? Não houve quem voltasse para dar glória a Deus, a não ser este estrangeiro?” Poderíamos responder: ora, Jesus, eles foram fazer o que você mesmo ordenou! E Jesus talvez retrucasse: mas o Reino de Deus está além da observância de regras...  Foi a isso que Jesus convidou o jovem rico – ir além dos mandamentos.
                O grande mandamento é o amor (aí também um grande paradoxo). Também nele está incluído as práticas religiosas – as mesmas que Jesus nos ordenou que fizéssemos. Mas sem o amor com a entrega total do coração, cumprimos as obrigações, como os nove leprosos, mas nos afastamos da presença de Jesus.

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