Blog do Grupo de Oração Sangue de Cristo

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domingo, 6 de outubro de 2013

SERVOS INÚTEIS?



SERVOS INÚTEIS?
            A palavra de Jesus tanto nos encanta como nos desconcerta. Algumas passagens, quando comparadas entre si, parecem contraditórias, ao ponto de nos indicar caminhos opostos.  Em certos momentos do Evangelho, tudo parece claro, enquanto que em outros Jesus parece fazer questão de nos propor enigmas, em um contínuo movimento de revelação e ocultação.   
            A parábola do Evangelho de hoje (Lc 17, 7-10) é paradigmática. Jesus propõe uma parábola composta apenas de perguntas. Questiona se as pessoas tratam seus servos de maneira especial pelo simples fato de eles cumprirem o que lhes foi ordenado. Da mesma maneira, os seguidores de Jesus não devem esperar retribuição, mas apenas se considerarem “servos inúteis”. Sem dúvida, é uma palavra que nos incomoda e até nos choca, pois o próprio Jesus afirma: “Já não os chamo servos, porque o servo não sabe o que o seu senhor faz. Em vez disso, eu os tenho chamado amigos, porque tudo o que ouvi de meu Pai eu lhes tornei conhecido.” (Jo 15, 15) Como isso se explica, então?   
Jesus expõe uma questão concreta, que denuncia a hipocrisia das pessoas. Os discípulos, como os fariseus, estavam sempre à espera de uma recompensa pelas obras de justiça que eles praticavam. Fizemos o bem, merecemos nosso salário. Largamos tudo, o que receberemos em troca? Nem que seja um reconhecimento, um afago, um favor.  Esse é o pensamento. Porém, o mestre incomoda. Como vocês tratam seus servos? Vocês lhes dão algo em troca pelas tarefas que lhes competem? Vocês lhes concedem um tratamento honroso, tratando-lhes como amigos ou até mesmo como alguém muito importante, uma autoridade? Aqui fecha a alegoria: se vocês se declaram meus discípulos, por que esperam um tratamento de mestres?
Jesus busca sempre levar seus discípulos à reflexão. Como mestre libertador, não quer impor dogmas ou regras de conduta. Ele sabe que somente pela verdadeira metanoia – mudança de mentalidade – o ser humano pode ser salvo. Jesus veio instaurar um reino onde os maiores são os que servem, os nobres são os pequeninos. No seu reinado, as ações são realizadas por amor, não por interesse. Os servos são amigos do rei porque lhe servem por prazer e gratidão. O próprio mestre serve seus discípulos e revela seus segredos a esses que são seus amigos.
Para vivermos esse reino é necessária a fé. Por isso, sabiamente os discípulos suplicam pela fé. O próprio profeta Habacuc proclamara: “O justo viverá da fé” Baseado nesta passagem, São Paulo vai desenvolver sua doutrina da graça no livro de Romanos. As obras não podem nos justificar, pois é Deus quem nos justifica. As obras só fazem sentido se unidas à fé em um Deus que é rico em misericórdia e nos salva gratuitamente. Ao realizarmos boas ações, fazemos por consequência da fé e do Espírito Santo que age em nós. Somos simplesmente servos inúteis.
Para vivermos isso, precisamos do auxílio da graça. Peçamos, portanto, como nos exorta Paulo a Timóteo, o reavivar da chama do dom de Deus. Que Ele reinflame o carisma em nós, nos liberte da timidez, da vergonha e da falsa humildade.      

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